A Sensação de Não Pertencimento: Entre Dois Mundos
Viver entre culturas é uma experiência carregada de conflitos internos. Para muitos imigrantes, a sensação de não pertencimento se torna um peso invisível que acompanha o dia a dia. O país que agora chamamos de “novo lar” nos acolhe com oportunidades, mas também com olhares desconfiados, barreiras linguísticas e diferenças culturais que, por vezes, nos fazem sentir forasteiros.
Ao mesmo tempo, o país de origem se distancia. Não somos mais os mesmos que partiram — mudamos, crescemos, absorvemos outros costumes. Quando retornamos, percebemos que ali também já não somos inteiramente compreendidos. As referências mudaram, os laços se afrouxaram, o lugar que um dia chamamos de casa se tornou, em certa medida, estrangeiro.
Essa sensação ambígua de viver entre dois mundos — sem realmente pertencer a nenhum — pode gerar um vazio difícil de explicar. No entanto, é também uma oportunidade de criar um novo espaço de identidade, onde pertencimento não seja atrelado ao território, mas às experiências, às relações que construímos e à nossa própria história. Pertencer talvez não seja estar em um lugar, mas sentir-se inteiro onde quer que estejamos. Eis o desafio, ser humano, ser presente e ao mesmo tempo aceitar o que nos falta, para assim transformar essa falta em acolhimento.